segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Hierarquia dos Anjos

Seguindo o critério tradicional, são nove (9) os Coros ou Ordens Angélicas: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos, distribuídas em três Hierarquias.
Primeira hierarquia:
É formada pelos Santos Anjos que estão em íntimo contato com o Criador Dedicam-se a Amar, Adorar e Glorificar a DEUS numa constante e permanente frequência, em grau bem mais elevado que os outros Coros: Serafins, Querubins e Tronos.
Serafins:
O nome “seraph” deriva do hebreu e significa “queimar completamente”. Segundo o conceito hebraico, o Serafim não é apenas um ser que “queima”, mas “que se consome” no amor ao Sumo Bem, que é o nosso Deus Altíssimo.
Na Sagrada Escritura os Santos Anjos Serafins aparecem somente uma única vez, na visão de Isaias: (Is 6,1-2).
Seguindo o critério tradicional, são nove (9) os Coros ou Ordens Angélicas: Serafins, Querubins,Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos, distribuídas em três Hierarquias.
Querubins:
São considerados guardas e mensageiros dos Mistérios Divinos, com a missão especial de transmitir Sabedoria. No início da criação, foram colocados pelo CRIADOR para guardar o caminho da Árvore da Vida.(Gn 3,24) Na Sagrada Escritura o nome dos Santos Anjos Querubins é o mais citado, aparecendo cerca de 80 vezes nos diversos livros. São também os Querubins os seres misteriosos que Ezequiel descreve na visão que teve, no momento de sua vocação: (Ez 10,12) Quando Moisés recebeu as prescrições para a construção da Arca da Aliança, onde o SENHOR habitou, o trono Divino foi colocado entre dois Querubins: (Ex 25,8-9.18-19) Estas considerações atestam que os Querubins são conhecedores dos Mistérios Divinos.
Tronos:
Acolhem em si a Grandeza do CRIADOR e a transmitem aos Santos Anjos de graus inferiores. São chamados “Sedes Dei” (Sede de DEUS). Em síntese, os Tronos são aqueles Santos Anjos que apresentam aos Coros inferiores, o esplendor da Divina Onipotência.
Segunda hierarquia:
São os Santos Anjos que dirigem os Planos da Eterna Sabedoria, comunicando aqueles projetos aos Anjos da Terceira Hierarquia, que vigiam o comportamento da humanidade. Eles são responsáveis pelos acontecimentos no Universo. Esta Hierarquia é formada pelos seguintes Coros de Anjos: Dominações, Potestades e Virtudes.
Dominações:
São aqueles da alta nobreza celeste. Para caracteriza-los com ênfase, São Gregório escreveu: “Algumas fileiras do exército angélico chamam-se Dominações, porque os restantes lhe são submissos, ou seja, lhe são obedientes”. São enviados por Deus a missões mais relevantes e também, são incluídos entre os Santos Anjos que exercem a “função de Ministro de Deus”.
Potestades:
É o Coro Angélico formado pelos Santos Anjos que transmitem aquilo que deve ser feito, cuidando de modo especial da “forma” ou “maneira” como devem ser feitas as coisas. Também são os Condutores da ordem sagrada. Pelo fato de transmitirem o poder que recebem de Deus, são espíritos de alta concentração, alcançando um grau elevado de contemplação ao Criador.
Virtudes:
As atribuições dos Santos Anjos deste Coro, são semelhantes aquelas dos Santos Anjos do Coro Potestades, porque também eles transmitem aquilo que deve ser feito pelos outros Anjos, mas sobretudo, auxiliam no sentido de que as coisas sejam realizadas de modo perfeito. Assim, eles também têm a missão de remover os obstáculos que querem interferir no perfeito cumprimento das ordens do CRIADOR. São considerados Anjos fortes e viris. Quem sofre de fraquezas físicas ou espirituais, deve invocar por meio de orações, o auxílio e a proteção de um Santo Anjo do Coro das Virtudes.
Terceira Hieraquia:
É formada pelos Santos Anjos que executam as ordens do Altíssimo. Eles estão mais próximos de nós e conhecem a fundo a natureza de cada pessoa que devemassistir, a fim de poderem cumprir com exatidão a Vontade Divina: insinuando, avisando ou castigando, conforme o caso. Esta Hierarquia é formada pelos: Principados, Arcanjos e Anjos.
Principados:
Os Santos Anjos deste Coro são guias dos mensageiros Divinos. Não são enviados a missões modestas, ao contrário, são enviados a príncipes, reis, províncias, Dioceses, de conformidade com o honroso título de seu Coro. No livro de Daniel são também apresentados como protetores de povos: (Dn 10,13) Significa dizer, que são aqueles Anjos que levam as instruções e os avisos Divinos, ao conhecimento dos povos que lhe são confiados. Porém, quando esses mesmos povos recusam aceitar as mensagens do Senhor, os Principados transformam-se em Anjos Vingadores, e derramam as taças da ira Divina sobre eles, de forma a reconduzi-los através do castigo e da dor, de volta ao DEUS de Amor e Misericórdia que eles abandonaram propositalmente.
Arcanjos:
A ordem tradicional dos Coros Angélicos coloca os “Arcanjos” entre os “Principados” e os “Anjos”. Pelas funções que desempenha, acreditamos que ele deve estar colocado no mais alto Coro dos Santos Anjos. Gabriel também é chamado de Arcanjo, e da mesma maneira que Miguel, através das páginas da Sagrada Escritura, vê-se que é conhecedor dos mais profundos Mistérios de DEUS, inclusive foi Gabriel quem Anunciou a Maria que Ela estava cheia de graças e tinha sido escolhida pelo Criador, para Mãe de Deus Por outro lado, também Rafael é denominado pela Igreja como um Arcanjo. A respeito de Rafael, no Livro de Tobias, ele mesmo confirma que está diante de Deus:
“Eu sou Rafael, um dos sete Anjos que estão sempre presentes e tem acesso junto à Glória do Senhor”. (Tb 12,15)
Anjos:
Os Santos Anjos recebem as ordens dos Coros superiores e as executam. Outro aspecto que não pode ser esquecido, é o fato de que os Santos Anjos, guardadas as devidas proporções, estão mais perto da humanidade e por assim dizer, convivendo conosco e prestando um serviço silencioso mas de valor incomensurável à cada pessoa. O Criador inspirou o escritor sagrado no Livro Êxodo, da Bíblia Sagrada: “Eis que envio um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que tenho preparado para ti. Respeita a sua presença e observa a sua voz, e não lhe sejas rebelde, porque não perdoará a vossa transgressão, pois nele está o Meu Nome. Mas se escutares fielmente a sua voz e fizeres o que te disser, então serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários”. (Ex 23,20-22)

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Interior da uma Igreja Católica - Objetos usados na Santa Missa

Locais / Espaços Internos de uma Igreja Católica

1. A porta principal e o átrio

Já vimos na lição anterior como são as igrejas por fora. Hoje vamos descobrir como elas são por dentro. Se na terra onde vivemos há igreja paroquial, é essa que vamos visitar; se não houver igreja paroquial mas sim outra igreja ou capela onde se celebra a missa no domingo, é para ela que se dirige a nossa visita.

Uma igreja tem a porta principal e pode ter portas laterais. Nós vamos entrar pela porta principal. Se ela estiver fechada, começamos por abri-la. Quem guarda a chave da igreja é o senhor prior, ou o sacristão, ou ainda algumas das pessoas que têm a responsabilidade de arranjar a igreja.

Muitas igrejas, logo a seguir à porta da entrada, têm um pequeno átrio, isto é, um espaço vazio. Isso quer dizer que quem vem de fora não entra logo na igreja. Noutras, este átrio é antes da porta principal. Seja duma maneira ou de outra, é bom que haja um espaço para que as pessoas, quando chegam de casa ou quando saem da igreja possam, no caso de estar a chover ou de fazer muito calor, falar aí umas com as outras. Quando o átrio é depois da porta principal, existe um guarda-vento, que faz mais do que guardar o vento, porque também guarda do frio, do barulho da rua, e evita que os cãezinhos que acompanham os donos entrem na igreja, que não é lugar para eles.

Quando a igreja tem guarda-vento, é nele que está a porta ou as portas pelas quais se entra diretamente na igreja.

2. A nave ou lugar dos fiéis

Vamos então penetrar no interior da igreja. Antes de avançar olhemos com atenção. Estamos na parte mais ampla da igreja. É um grande salão, não é? Chama-se lugar dos fiéis, porque é aí que os fiéis estão durante a missa; também se chama nave, porque, pelo seu feitio e altura parece um grande navio ou uma grande nave.

Esta parte pode ter várias formas: pode ser rectangular, quadrada, ou em semi-círculo. Quase todas as igrejas têm uma só nave. Mas algumas têm mais do que uma. Normalmente, a nave tem bancos ou cadeiras para os fiéis. Quase sempre há capelas laterais ao longo da nave, mas pode não haver.

3. O presbitério

Passemos agora da nave da igreja para a outra parte, mais pequena, onde está o altar. Chama-se a esta segunda parte da igreja o presbitério. Esta palavra vem de presbítero, que é outro nome que se dá aos senhores padres. Então quer dizer que assim como a nave é o lugar dos fiéis, assim o presbitério é o lugar dos presbíteros e de todos os ministros litúrgicos, dos quais já falámos noutra lição.

Primeiro que tudo reparem que subimos um, dois ou mais degraus para chegarmos a esta parte, o que quer dizer que ela está em plano superior à nave dos fiéis. É como num teatro, onde o palco também está acima da plateia. Para quê? Para se ver bem o que aí se passa. Na igreja é a mesma coisa. Para se ver bem o que aí se faz, o presbitério está em plano superior à nave.

Quais são as coisas que se encontram no presbitério? Encontram-se aí o altar, a cadeira presidencial, o ambão, por vezes o sacrário, bancos para os ministros, e uma mesa, chamada credência, onde se colocam as coisas necessárias para a celebração da Missa. Falaremos de tudo isso noutras lições.

4. A capela baptismal

Todas as igrejas paroquiais têm um lugar próprio para fazer os batismos. Chama-se a esse lugar capela baptismal. É dentro dessa capela que está a pia baptismal. As pias baptismais podem ter muitos feitios: redondas, quadradas ou poligonais. Algumas são divididas ao meio, para de um lado estar a água limpa que se utiliza no batismo, e no outro se deitar essa água na cabeça dos batizandos, tanto crianças como adultos. Outras não são divididas: têm apenas um espaço amplo interior, onde uma criança pode ser baptizada por imersão. No princípio não havia pias baptismais, mas verdadeiras piscinas, onde toda a gente era baptizada dentro da água.

Se quiserem, podemos dar um beijo na pia baptismal, pois foi aí que recebemos a vida nova que Deus nos deu pela água e pelo Espírito Santo. Já houve tempos em que os fiéis, quando entravam na igreja paroquial, iam sempre beijar a pia baptismal. Era um bonito costume. Ainda hoje, se alguém quiser fazer isso de vez em quando, lhe fica muito bem.

5. A capela do Santíssimo Sacramento ou o Sacrário

Nos primeiros tempos da Igreja o pão consagrado para as pessoas muito doentes poderem comungar antes de morrer, guardava-se numa caixa fechada, na Sacristia. Depois veio outro tempo em que, em cada igreja paroquial havia sempre uma capela do Santíssimo Sacramento. Era aí que, depois da missa, se guardava o pão consagrado num cofre, que se chama sacrário ou tabernáculo.

Mais tarde o sacrário começou a pôr-se no presbitério. É assim que continua a fazer-se em muitas igrejas. Mas está mandado que, nas igrejas novas, haja uma capela do Santíssimo, que também serve para aí se rezar em silêncio, quando se entra na igreja ou noutros momentos.

Numa das próximas lições havemos de aprender muito bem o que faz um candidato a acólito quando entra numa igreja, como se ajoelha para adorar o Santíssimo Sacramento, e muitas outras coisas. Hoje dizemos só isto.

6. A sacristia e outros lugares da igreja

Também fazem parte do interior do edifício da igreja a sacristia, onde se guardam as vestes litúrgicas e outras coisas necessárias às celebrações, as salas para reuniões, as casas de banho e outras dependências.

Objetos usados na Santa Missa
Água – Trata-se de água natural. É usada para purificar as mãos do sacerdote e para ser misturada com o vinho, simbolizando a união da Humanidade com a Divindade em Jesus. Também é usada para purificar o cálice e a âmbula.
Âmbula – É semelhante ao cálice, mas possui uma tampa. Nele se colocam as hóstias. Após a missa, é guardada no sacrário, juntamente com as hóstias que foram consagradas.

Cálice – É uma taça geralmente revestida de ouro ou prata. Nele se deposita o vinho a ser consagrado.
Corporal – É uma toalhinha quadrada. Chama-se corporal porque sobre ela coloca-se o Corpo do Senhor (cálice e âmbula), no centro do altar.

Crucifixo – Sobre o altar ou acima dele, existe um crucifixo para lembrar que a Ceia do Senhor é inseparável do seu sacrifício redentor. Vemos em Mt 26,28, que Jesus deu a seus discípulos o ”sangue da aliança que será derramado por muitos para o perdão dos pecados”.
Flores – Em dias festivos pode-se usar flores, não sobre o altar, mas ao lado deste. Sobre o altar usa-se decoração com motivos litúrgicos, tais como o pão e o vinho, o trigo e a uva, além das velas e crucifixo. No tempo da Quaresma não se usa flores; durante o Advento, admite-se seu uso desde que seja com moderação, para não antecipar a alegria do Natal.
Galhetas – São duas jarrinhas em vidro ou metal. Em uma vai a água e na outra, o vinho. Estão sempre juntas sobre um pratinho no altar.
Hóstia – É feita de pão de trigo. Há uma hóstia grande para o sacerdote e pequenas para o povo. A do sacerdote é grande para que possa ser vista de longe pelo povo durante a elevação e também para ser repartida entre alguns participantes, em geral os ministros.
Lecionário – Livro que contém todas as leituras da Bíblia, de acordo com a missa do dia.
Manustérgio – Toalha que serve para enxugar as mãos do sacerdote, durante o ofertório. Costuma acompanhar as galhetas.
Missal – É um livro grosso que contém todo o roteiro do rito da missa, com exceção das leituras que se encontram no lecionário.
Pala – É uma peça quadrada e dura (um cartão revestido de linho). Serve para cobrir o cálice.
Patena – É um pratinho de metal. Sobre ela coloca-se a hóstia maior.
Sanguíneo – É uma toalha branca e comprida, usada para enxugar o cálice e a âmbula.
Velas – Sobre o altar ficam duas velas. A chama da vela simboliza a fé que recebemos de Jesus, Luz do Mundo, no batismo e na confirmação. É sinal de que a missa só tem sentido para quem vive a fé.
Vinho – É vinho puro de uva. Assim como o pão se converte no verdadeiro Corpo de Cristo, também o vinho se converte no verdadeiro Sangue do Senhor, vivo e ressuscitado.
As vestes litúrgicas – Para lidar com as coisas santas, o sacerdote se utiliza de sinais sagrados, usando vestes que o distinguem das outras pessoas. As vestes representam o Cristo cheio de glória e simbolizam a comunidade que crê no Cristo ressuscitado.
Alva – É uma veste muito semelhante à túnica, sendo toda branca. Simboliza a nova vida, a pureza e a ressurreição.
Amito – Usado por alguns sacerdotes, é um pano branco que envolve o pescoço e que é colocado sob a túnica ou a alva.
Casula – É colocada sobre todas as vestes e também cobre todo o corpo. A cor da casula varia de acordo com o tempo litúrgico (branca, verde, roxa, vermelha…). É uma veste solene, ampla, usada nos dias festivos como o Natal, a Páscoa e o Corpus Christi. Simboliza a paz e a caridade que devem envolver todos aqueles que se aproximam do altar.
Cíngulo – É um cordão que prende a alva ou a túnica à altura da cintura. Simboliza a vigilância, lembrando as cordas com as quais Jesus foi amarrado.
Estola – É uma faixa vertical, separada da túnica, que desce a partir do pescoço do sacerdote em duas partes sobre o peito, uma de cada lado. Sua cor também varia de acordo com o tempo litúrgico. Simboliza o poder conferido ao sacerdote, a caridade, o perdão, a misericórdia e o serviço.
Túnica – É um manto longo, geralmente na cor branca, bege ou cinza clara, que cobre todo o corpo. Lembra a túnica que Jesus usava, ´sem costura de alto a baixo´, sobre a qual os soldados romanos tiraram a sorte para decidir quem ficaria com ela.
As Cores Litúrgicas – Quando vamos à Igreja, notamos que o altar, o tabernáculo, o ambão e até mesmo a estola usada pelo sacerdote combinam todos com uma mesma cor. Percebemos também que, a cada semana que passa, essa cor pode variar ou permanecer a mesma. Se acontecer de, no mesmo dia, irmos a duas igrejas diferentes comprovaremos que ambas utilizam as mesmíssimas coisas. Dessa forma, concluímos que as cores possuem algum significado para a Igreja. Na verdade, a cor usada em um certo dia é válida para toda a Igreja, que obedece um mesmo calendário litúrgico. Conforme a missa do dia indicada pelo calendário fica estabelecida determinada cor. Mas o que simbolizam essas cores?
Verde – Simboliza a esperança que todo cristão deve professar. Usada nas missas do Tempo Comum.
Branco – Simboliza a alegria cristã e o Cristo vivo. Usada nas missas de Natal, Páscoa, etc., Nas grandes solenidades, pode ser substituída pelo amarelo ou, mais especificamente, o dourado.
Vermelho – Simboliza o fogo purificador, o sangue e o martírio. Usada nas missas de Pentecostes e santos mártires.
Roxo – Simboliza a preparação, penitência ou conversão. Usada nas missas da Quaresma e do Advento.
Rosa – Raramente usada nos dias de hoje, simboliza uma breve ´pausa´ na tristeza da Quaresma e na preparação do Advento.
Preto – Também em desuso, simboliza a morte. Usada em funerais, vem sendo substituída pela cor Roxa.
Referência:

Liturgia da Santa Missa - Gestos e Posições

A Divisão da Missa
A missa está dividida em quatro partes bem distintas:
1. Ritos Iniciais
Comentário Introdutório à missa do dia, Canto de Abertura, Acolhida, Antífona de Entrada, Ato Penitencial, Hino de Louvor e Oração Coleta.
2. Rito da palavra
Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração da Comunidade.
3. Rito Sacramental
1ª Parte – Oferendas: Canto/Procissão das Oferendas, Orai Irmãos e Irmãs, e Oração Sobre as Oferendas;
2ª Parte – Oração Eucarística: Prefácio, Santo, Consagração e Louvor Final;
3ª Parte – Comunhão: Pai Nosso, Abraço da Paz, Cordeiro de Deus, Canto/Distribuição da Comunhão, Interiorização, Antífona da Comunhão e Oração após a Comunhão.
4. Ritos Finais
Mensagem, Comunicados da Comunidade, Canto de Ação de Graças e Bênção Final.
Gestos e Posições


Ritos Iniciais
Fazer o sinal da Cruz com água benta (sinal do batismo) ao entrar na igreja.
Fazer genuflexão ao sacrário contendo o Santíssimo Sacramento, e ao altar do Sacrifício, antes de se dirigir ao banco. (Se não houver sacrário no presbitério, ou se este não for visível, fazer inclinação profunda ao altar antes de se dirigir ao banco.)
Ajoelhar-se ao chegar no banco para oração privada antes do início da Missa.
Ficar de pé para a procissão de entrada.
Fazer inclinação de cabeça quando o crucifixo, sinal visível do sacrifício de Cristo, passar em procissão. (Se houver um bispo, fazer inclinação quando ele passar, como sinal de reconhecimento da sua autoridade da Igreja e de Cristo como pastor do seu rebanho.)
Permanecer de pé para os ritos iniciais. Fazer o sinal da Cruz junto com o sacerdote no começo da Missa.
Bater no peito ao “mea culpa(s)” (“por minha culpa, minha tão grande culpa”) no Confiteor.
Fazer inclinação de cabeça e o sinal da Cruz quando o sacerdote disser “Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós...”
Fazer inclinação de cabeça ao dizer o “Senhor, tende piedade de nós” no Kyrie.
Se houver o Rito da Aspersão (Asperges), fazer o sinal da Cruz quando o padre aspergir água em sua direção.
Durante a Missa, fazer inclinação de cabeça a cada menção do nome de Jesus e a cada vez que a Doxologia [“Glória ao Pai...”] for rezada ou cantada. Também quando pedir que o Senhor receba a nossa oração. (“Senhor, escutai a nossa prece” etc, e ao fim das orações presidenciais: “Por Cristo nosso Senhor” etc.)
Gloria: fazer inclinação de cabeça ao nome de Jesus. (“Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito...”, “Só vós o Altíssimo, Jesus Cristo...”)

Liturgia da Palavra
Sentar-se para as leituras da Sagrada Escritura.
Ficar de pé para o Evangelho ao verso do Alleluia.
Quando o ministro anunciar o Evangelho, traçar o sinal da Cruz com o polegar na cabeça, nos lábios e no coração. Esse gesto é uma forma de oração para pedir a presença da Palavra de Deus na mente, nos lábios e no coração.
Sentar-se para a homilia.
Credo: De pé; fazer inclinação ao nome de Jesus; na maioria dos Domingos durante o Incarnatus (“e se encarnou pelo Espírito Santo... e se fez homem”); nas solenidades do Natal e da Anunciação todos se ajoelham a essas palavras.
Fazer o sinal da Cruz na conclusão do Credo, às palavras: “..e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.”

Liturgia Eucarística
Sentar-se durante o ofertório.
Ficar de pé quando o sacerdote disser “Orai, irmãos e irmãs...” e permanecer de pé para responder “Receba o Senhor este sacrifício...”
Se for usado incenso, o povo se levanta e faz inclinação de cabeça ao turiferário quando ele fizer o mesmo, tanto antes como depois da incensação do povo.
Permanecer de pé até o final do Sanctus (Santo, Santo, Santo...”), quando se ajoelha durante toda a Oração Eucarística.
No momento da Consagração de cada espécie, inclinar a cabeça e pronunciar silenciosamente “Meu Senhor e meu Deus”, reconhecendo a presença de Cristo no altar. Estas são as palavras de São Tomé quando ele reconheceu verdadeiramente a Cristo quando Este apareceu diante dele (Jo 20,28). Jesus disse: “Acreditaste porque me viste. Felizes os que acreditaram sem ter visto” (Jo 20,29).
Ficar de pé ao convite do sacerdote para a Oração do Senhor.
Com reverência, unir as mãos e inclinar a cabeça durante a Oração do Senhor.
Manter-se de pé para o sinal da paz, após o convite. (O sinal da paz pode ser um aperto de mãos ou uma inclinação de cabeça à pessoa mais próxima, acompanhada das palavras “A paz esteja contigo”.)
Na recitação (ou canto) do Agnus Dei (“Cordeiro de Deus...”), bater no peito às palavras “Tende pedade de nós”.
Ajoelhar-se ao fim do Agnus Dei (“Cordeiro de Deus...”).
Fazer inclinação de cabeça e bater no peito ao dizer: “Domine, non sum dignus... (“Senhor, eu não sou digno...”).
Recepção da Comunhão
Deixar o banco (sem genuflexão) e caminhar com reverência até o altar, com as mãos unidas em oração.
Fazer um gesto de reverência ao se aproximar do ministro em procissão para receber a Comunhão. Se ela for recebida de joelhos, não se faz nenhum gesto adicional antes de recebê-la.
Pode-se receber a Hóstia tanto na língua como na mão.
Para o primeiro caso, abrir a boca e estender a língua, de modo que o ministro possa depositar a Hóstia de forma apropriada. Para o outro caso, posicionar uma mão sobre a outra, de palmas abertas, para receber a Hóstia. Com a mão de baixo, tomar a Hóstia e com reverência depositá-la na sua boca. (Ver as diretrizes da Santa Sé de 1985).
Quando carregando uma criança, é muito mais apropriado receber a Comunhão na língua.
Se comungar também do cálice, fazer o mesmo gesto de reverência ao se aproximar do ministro.
Fazer o sinal da Cruz após ter recebido a Comunhão.
Ajoelhar-se em oração ao retornar para o banco depois da Comunhão, até o sacerdote se sentar, ou até que ele diga “Oremos”.

Ritos Finais
Ficar de pé para os ritos finais.
Fazer o sinal da Cruz durante a bênção final, quando o sacerdote invocar a Trindade.
Permanecer de pé até que todos os ministros tenham saído em procissão. (Se houver procissão recessional, fazer inclinação ao crucifixo quando ele passar.)
Se houver um hino durante o recessional, permanecer de pé até o final da execução. Se não houver hino, permanecer de pé até que todos os ministros tenham se retirado da parte principal da igreja.
Depois da conclusão da Missa, pode-se ajoelhar para uma oração privada de ação de graças.
Fazer genuflexão ao Santíssimo Sacramento e ao Altar do Sacrifício ao sair do banco, e deixar a (parte principal da) igreja em silêncio.
Fazer o sinal da Cruz com água benta ao sair da igreja, como recordação batismal de anunciar o Evangelho de Cristo a toda criatura.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Método de estudo de Hugo de São Vitor

1) Época de Hugo de São Vitor.
Hugo de São Vitor nasceu na Saxônia, que hoje faz parte do território da Alemanha, no ano de 1096. Ainda jovem sentiu a vocação religiosa e mudou-se para Paris com a intenção de ingressar no Mosteiro de São Vitor, no qual residiu até a sua morte em 1141. Ele viveu, portanto, na primeira metade do século dos anos 1100.
A época em que viveu Hugo de São Vitor foi uma das mais importantes da história da civilização ocidental, pois foi nela que começaram a se organizar as nações que hoje fazem parte da Europa.
Mil e cem anos antes da época de Hugo, quando nasceu Jesus Cristo, não existiam Inglaterra, França, Alemanha, Portugal nem tantos outros países da Europa. Na época de Cristo a Europa, o norte da África e o Oriente Médio constituíam um todo conhecido como Império Romano. A ausência de fronteiras e as facilidades de comunicação dentro de um império tão grande muito auxiliou para que o cristianismo se propagasse mais facilmente por todo o mundo civilizado daquele tempo.
Entretanto, a partir dos anos 400 e durante vários séculos que se seguiram, muitas hordas de bárbaros provenientes da Europa Oriental e do interior da Ásia passaram a invadir o território do Império Romano que acabou aos poucos se esfacelando. Embora tivesse havido algumas épocas de calma, as invasões e as desordens que resultaram delas só puderam começar a ser definitivamente controladas, possibilitando a organização daquelas que são as atuais nações da Europa, na época de Hugo de São Vitor. Entre o ano 1100, próximo ao nascimento de Hugo, e o ano 1300, próximo à morte de Santo Tomás de Aquino, houve um extraordinário renascimento da civilização na Europa em todos os aspectos, incluindo a vida religiosa, a teologia e a educação. Pertencem a este período da história as vidas de São Francisco de Assis e de São Domingos.
No início deste período, no ano 1100, São Vitor era o nome de uma capelinha situada nos arredores de Paris e freqüentada por pessoas que vinham, longe do tumulto da cidade, consagrar algum tempo à meditação e à oração. Em 1108, com o fim de melhor poder dedicar-se às coisas de Deus, um sacerdote professor da escola anexa à Catedral de Notre Dame, chamado Guilherme de Champeaux, transferiu-se para lá junto com vários de seus alunos. Mesmo residindo em São Vítor, Guilherme continuou sendo procurado, não só pelo seu exemplo, como também pelos seus ensinamentos, que não deixou de ministrar. Assim surgiu ali o mosteiro de São Vítor.
Quando Hugo pediu para ser admitido no mosteiro de São Vitor, Guilherme já não residia mais nele. Tinha sido promovido a bispo e havia deixado outros em seu lugar, encarregados do governo do mosteiro. Algum tempo depois a tarefa de organizar a escola de Teologia anexa ao mosteiro seria confiada a Hugo de São Vitor.
Raras vezes na história humana uma escolha pôde ter sido tão feliz. No mosteiro organizava-se uma grande biblioteca que daria acesso a Hugo ao que de melhor havia sido escrito pela tradição cristã. A fama de São Vitor já havia atravessado as fronteiras e espalhava-se por toda a Europa; ela trazia ao mosteiro, de todas as partes, estudantes de notável talento, como tinha sido o caso do próprio Hugo, que para lá se tinha dirigido proveniente do Sacro Império Germânico, de Ricardo de São Vitor, que ali chegou proveniente da Escócia, e de Pedro Lombardo, que vinha do norte da Itália encaminhado por São Bernardo. Já é coisa rara que um talento da envergadura de Hugo, homem de inteligência brilhante, santidade manifesta e notável vocação docente se veja diante de tantos e tão excelentes recursos materiais e humanos; mais raro ainda é que alguém nestas condições se veja encarregado de, além de ensinar, organizar também a escola. Esta tarefa suplementar obrigou Hugo adicionalmente a explicar aos alunos como se deveria estudar, aos professores como se deveria ensinar e à escola como se deveria organizar, e isto não para obter algum diploma, que naquela época ainda de nada valiam, mas para, a partir de um sólido conhecimento das Sagradas Escrituras e das obras dos Santos Padres, empreenderem a busca da santidade. O conjunto da obra de Hugo de São Vitor mostra que ele elaborou um sistema de Pedagogia em que o estudo de torna um instrumento de ascese em perfeita consonância com os ensinamentos do Novo Testamento a respeito da fé, da graça e da oração, da necessidade da graça para a prática das virtudes e dos frutos que se esperam do desenvolvimento da vida espiritual.
Hugo de São Vítor mostrou, em suma, como se organiza o estudo, o ensino e a escola para que, sem deixar de ser uma escola, nem perder nenhuma das características que tradicionalmente se atribuem a uma escola, ela tenha como meta a santidade. Esta meta não é algo acrescentado ou justaposto ao que já seria a escola, mas é aquilo que dita a própria essência de sua organização e de seus métodos.
Hugo mostrou ainda que se isto pode ser possível, é porque esta é a verdadeira e legítima finalidade da escola. São as outras escolas, e não esta, que representam um desvio do verdadeiro ideal do ensino.
2) A pedagogia vitorina.
Uma das características marcantes da pedagogia moderna consiste no ter ela conseguido dissociar, cada vez mais profundamente ao longo dos últimos 700 anos, o estudo da busca de Deus.
Em sua época, Hugo de São Vitor organizou o estudo como um instrumento de ascese cristã a ser utilizado conjuntamente com os demais meios para o desenvolvimento da vida do espírito. Quatrocentos anos mais tarde, na época da Renascença, com o advento da educação a que se chamou de humanista, o estudo passou a ser utilizado somente como instrumento para a formação do caráter; se as escolas religiosas ainda orientavam os alunos a respeito da vida espiritual, esta orientação era algo paralelo ou acrescentado à escola e não tinha mais relação necessária com o estudo nela desenvolvido pelos alunos.
Mais recentemente, principalmente nos dois últimos séculos, abandonou-se também o espírito da educação humanista e o objetivo mais importante do sistema escolar deixou de ser a formação do caráter do aluno para se tornar a aquisição de determinadas habilidades úteis para a sociedade ou exigidas pelo mercado de trabalho. A formação do caráter passou a ser buscada, de modo principal, indiretamente através da aquisição e do exercício destas habilidades. No mundo moderno, de fato, não é um conhecimento profundo da natureza humana que determina como a escola deve ser organizada, mas são as diferentes políticas de desenvolvimento e as diversas necessidades do mercado de trabalho que exigem um determinado número de profissionais habilitados que ditam as orientações das políticas educacionais.
Na educação vitorina, porém, o estudo é organizado de tal modo que se torna parte integrante da ascese cristã. O estudo e a ascese não são atividades independentes nem paralelas. Ao contrário, uma coisa faz parte da outra, a tal ponto que este pode ser corretamente identificado como um dos elementos que distingüem o que se pode chamar de espiritualidade vitorina, uma determinada forma de desenvolvimento da vida cristã que inclui dentro dela a pedagogia, e que pode se desenvolver, como em um lugar próprio, em uma escola.
Não é possível expor em poucas páginas a pedagogia vitorina, porque ela não se encontra apenas nos textos especificamente dedicados por Hugo de São Vitor a este assunto, mas está também espalhada em toda a sua obra, freqüentemente entrelaçada com princípios de Filosofia e Teologia que pervadem não só os seus escritos como também os de seu discípulo Ricardo de São Vitor, cuja obra, juntamente com a de Hugo, forma um só conjunto.
Sendo assim, o que examinaremos em seguida, embora faça parte da pedagogia de Hugo de São Vitor, não é um resumo da pedagogia vitorina, mas apenas um apanhado de algumas observações retiradas de suas obras, das quais ele se utilizava para orientar aqueles que tinham a intenção de se dedicar ao estudo da Ciência Sagrada no intuito de buscarem a Deus.
3) O estudo na pedagogia vitorina.
Vamos examinar mais extensamente o nono capítulo do Quinto Livro do Didascalicon, em que Hugo de São Vitor explica a função do estudo dentro do conjunto da vida espiritual, como ele deve coordenar-se com os demais meios de perfeição, qual a relação que ele tem para com o papel da graça e como ele se ordena, através da oração, à contemplação.
Na maioria das escolas modernas a finalidade da atividade do aluno é a apreensão do conteúdo de uma determinada disciplina tal como é exposta pelo professor. Se a escola conseguir, além disto, motivar o aluno a estudar por si mesmo e mais profundamente aquilo que o professor expôs, pode-se considerar o ensino ministrado por esta escola como sendo de alta qualidade.
O texto abaixo de Hugo de São Vitor mostra, no entanto, que a atividade da escola vitorina começa precisamente aí onde terminam as aspirações da escola moderna. Motivar o aluno para o estudo não é o objetivo da pedagogia vitorina, mas o seu ponto de partida. Segundo Hugo de São Vitor o estudo, enquanto tal, ele próprio se ordena a uma série de outras atividades do espírito, e todas estas, por sua vez, se ordenam, mediante o auxílio da graça, como ao seu fim, ao que se chama de contemplação. No entender de Hugo de São Vitor, portanto, a função da escola inclui muitas mais coisas do que apenas o estudo, embora seja organizada de tal modo que, no que depende dela, o estudo seja a origem de todas.
Texto de Hugo de São Vitor.
Dicascalicon, L.V, C.9.
"Há quatro coisas nas quais se exerce a vida dos santos, que são como degraus pelos quais se elevam à futura perfeição. São estes:
- o estudo, ou doutrina;
- a meditação;
- a oração;
- a ação.
Há ainda uma quinta que se segue destas, que é a contemplação, que é, de certo modo, o fruto destas quatro primeiras. Na contemplação temos antecipadamente já nesta vida a futura recompensa das boas obras. Foi por isto que o salmista, falando dos preceitos de Deus e recomendando-os, logo em seguida acrescentou:
"Grande é a recompensa para
  os que os observarem".
                     Salmo 18
Destes cinco graus que falamos, o primeiro, isto é, a leitura, pertence aos principiantes. O maior de todos, isto é, a contemplação, pertence aos perfeitos. Quanto aos intermediários, será mais perfeito aquele que os tiver subido em maior número. Em outras palavras, o primeiro, isto é, a leitura, dá a inteligência. O segundo, a meditação, fornece o conselho. O terceiro, a oração, pede. O quarto, a ação, busca. O quinto, a contemplação, encontra.
Se, portanto, lês, ou estudas, e tens por isto a inteligência e conheceste o que se deve fazer, isto já é princípio do bem, mas ainda não te será suficiente, não és perfeito ainda.
Sobe, pois, na arca do conselho, e medita como poderás realizar aquilo que aprendeste através da leitura e do estudo que deve ser feito. De fato, houve muitos que possuíram a ciência, mas poucos foram aqueles que souberam de que modo era importante saber.
O conselho do homem, porém, sem o auxílio divino, é enfermo e ineficiente. É necessário, pois, levantar-se à oração, e pedir o seu auxílio, sem o qual nenhum bem pode ser feito; isto é, a sua graça, a qual, antes que tivesses chegado até aqui para pedí-la era ela que já te iluminava, e daqui para a frente será quem haverá de dirigir os teus passos para o caminho da paz, e de cuja única boa vontade depende que sejas conduzido ao efeito da boa obra.
Resta agora para ti que te prepares para a boa ação, de tal maneira que aquilo que pedes na oração mereças receber pela obra, se Deus consigo quiser operar. Não serás obrigado, serás ajudado. Se apenas tu operares, nada realizarás; se apenas Deus operar, nada merecerás. Opere Deus para que tu possas; opera tu para que algo mereças. O caminho pelo qual se vai à vida é a boa obra, e aquele que corre por este caminho busca a vida.
Conforta-te e age virilmente. Esta via tem o seu prêmio. E quantas vezes, fatigados pelos seus trabalhos, não somos ilustrados do alto pela graça, saboreando e vendo
"quão suave é o Senhor".
             Salmo 33
Assim se realiza o que dissemos acima, que aquilo que a oração busca, a contemplação encontra".
4) Conselhos diversos ao estudante.
a) O estudante deve ser humilde.
A humildade, diz Hugo de São Vitor, é o princípio do aprendizado. O estudante que desde o início não é movido pela humildade, nunca alcançará a sabedoria. Vamos examinar, a este respeito, a introdução do Opúsculo sobre o Modo de Aprender:
"A humildade", diz Hugo de São Vítor, "é o princípio do aprendizado, e sobre ela, muita coisa tendo sido escrita, as três seguintes, de modo especial, dizem respeito ao estudante.
A primeira é que não tenha como vil nenhuma ciência e nenhuma escritura.
A segunda é que não se envergonhe de aprender de ninguém.
A terceira é que, quando tiver alcançado a ciência, não despreze aos demais.
Muitos se enganaram por quererem parecer sábios antes do tempo, pois com  isto se envergonharam de aprender dos demais o que ignoravam. Tu, porém, meu filho, aprende de todos de boa vontade aquilo que desconheces.Serás mais sábio do que todos, se quiseres aprender de todos. Nenhuma ciência, portanto, tenha como vil, porque toda ciência é boa. Nenhuma escritura, ou pelo menos, nenhuma lei desprezes, se estiver à disposição. Se nada lucrares, também nada terás perdido. Diz, de fato, o Apóstolo: "Omnia legentes, quae bona sunt tenentes" (I Tes 5).
O bom estudante deve ser humilde e manso, inteiramente alheio aos cuidados do mundo e às tentações dos prazeres, e solícito em aprender de boa vontade de todos. Nunca presuma de sua ciência; não queira parecer douto, mas sê-lo; busque os ditos dos sábios, e procure ardentemente ter sempre os seus vultos diante dos olhos da mente, como um espelho".
b) O que é a humildade.
A humildade, segundo Hugo de São Vítor, coincide com a primeira bem aventurança, aquela da qual Jesus dizia:
"Bem aventurados os pobres de espírito,
 porque deles é o Reino dos Céus",
                               Mat. 5,3
e que é o ponto de partida da vida cristã. Sobre esta passagem diz Hugo de São Vitor:
"Bem aventurados os pobres de espírito,
 porque deles é o Reino dos Céus:
 há os que são ricos de espírito,
 e há os que são pobres de espírito.
 Os ricos de espírito são os soberbos;
 os pobres de espírito são os humildes".
           Allegoriae Utriusque
            Testamenti, NT,II,1
c) Renúncia.
Disse Jesus que quem não renuncia a si mesmo não poderia ser seu discípulo. Não era outro o objetivo dos alunos de Hugo de São Vitor senão serem discípulos de Cristo, aprenderem o que é o Evangelho, como se o vive e como se pode ensiná-lo aos outros. Assim também Hugo fêz exigências similares às de Cristo aos seus estudantes. O estudante que desejar elevar-se até Deus deve ser, conforme já vimos,
"humilde e manso,
 inteiramente alheio aos cuidados do mundo
 e às tentações dos prazeres,
e solícito em aprender de boa vontade de todos".
d) Buscar em primeiro lugar a verdade.
"É necessário também",
 diz Hugo de São Vitor,
 "que aquele que tiver iniciado este caminho
procure aprender nos livros em que estudar
 não apenas pela beleza do fraseado,
 mas também pelo estímulo que eles oferecem
 à prática das virtudes,
de tal maneira que o estudante procure neles não tanto a pomposidade ou a arte das palavras,
 mas a beleza da verdade".
          Didascalicon, V, 7
Eis algo que, na pedagogia vitorina, é de essencial importância.
Jesus promete, no Evangelho, como prêmio aos que seguirem os seus preceitos, que encontrarão a verdade e a verdade os libertará, ou tornará livres. Ao dizer isto, Jesus se referia à verdade que se alcança através do dom do Espírito Santo a que as Escrituras denominam de sabedoria, um objetivo elevadíssimo, ao qual se ordena todo o desenvolvimento da vida espiritual. O estudante, porém, que desejar chegar a tanto, deverá acostumar-se primeiro a deixar-se libertar continuamente através de verdades menores. Consideremos, pois, primeiramente, do que libertam estas verdades menores.
Na vida humana o desenvolvimento da vida do intelecto é sempre precedido pelo desenvolvimento da vida dos sentidos, e é só gradualmente que se uma se emancipa à outra. Mesmo assim, porém, isto só ocorre com naturalidade quando a vida das virtudes e da inteligência se inicia precocemente e bem, algo raramente observado nos dias de hoje. Quando não é este o caso, o homem desenvolve uma visão do mundo que partirá de uma apreciação fortemente baseada nos sentidos, cujos critérios de validade serão a servilidade na imitação dos costumes sociais e a força das paixões e não a evidência da verdade. Nestas condições, o desenvolvimento da inteligência será orientado para que esta sirva de instrumento para a vida dos sentidos e das paixões.
No Eclesiástico pode-se ler:
"Assim como o Sol resplandecente
 ilumina todas as coisas,
 assim da glória do Senhor estão
 cheias as suas obras".
                     Ecles. 43,16
A primeira parte desta sentença é evidente para todos, em qualquer época e lugar. Já a segunda será percebida com naturalidade, mas de forma gradual e com força sempre crescente, naqueles em que a virtude e a inteligência se iniciaram desde cedo, assim que se tiverem apresentado as primeiras possibilidades de o fazerem; para as demais pessoas, a segunda parte da sentença do Eclesiástico pouca coisa significará além de uma simples poesia que se esquece após ter sido ouvida. Por mais que os primeiros tentem explicar aos segundos que algo de verdadeiramente extraordinário nos está sendo apontado na segunda parte desta passagem do Eclesiastes, eles não conseguirão entender a razão para tanto entusiasmo. Embora freqüentemente eles próprios não se dêem conta deste fato, as psicologias de ambos estes grupos de homens foram construídas de um modo estruturalmente diverso e é por isso que o Eclesiastes também nos diz a este respeito:
"Os perversos dificultosamente se corrigem,
 e o número dos insensatos é infinito;
 se a árvore cair para a parte do meio dia, ou para a do norte,
em qualquer lugar onde cair, aí ficará".
   Ec. 1,14; 9,3
Deve-se considerar, além disso, que mesmo para os homens de ambos os casos, a mensagem contida na Revelação estará sempre situada num plano extraordinariamente mais elevado do que aquele em que os homens costumam colocar-se. A este respeito nos diz, de fato, o profeta Isaías:
"Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos,
nem os meus caminhos são os meus caminhos,
diz o Senhor.
Quanto o céu sobe em elevação à terra,
tanto se elevam os meus caminhos acima dos vossos,
e os meus pensamentos acima dos vossos".
                      Is. 55,8-9
Esta é a razão por que todos aqueles que se dedicam ao estudo da Ciência Sagrada se deparam constantemente com uma visão do mundo que difere enormemente de suas opiniões e pontos de vista pessoais. Ainda que se tratem das melhores pessoas, elas encontram incessantemente neste estudo a proposta de vivência de virtudes e apresentação de verdades que estarão em conflito com os seus pequenos pontos de vista pessoais. Se o estudo da Ciência Sagrada é conduzido corretamente isto não será uma ocorrência fortuita, mas algo que deverá acontecer continuamente, pois esta é precisamente uma das justificações para a sua existência.
O que fazer, porém, quando nos encontrarmos diante de um evento como este? Admirar a beleza da verdade apreendida não será suficiente; será necessário renunciar decididamente aos nossos próprios pontos de vista, que freqüentemente representam o atrelamento da inteligência à vida das paixões, libertando-a para habituá-la a seguir mais docilmente a evidência da verdade. A menos que estejamos dispostos a isto estaremos estudando, no dizer de Hugo de São Vitor, apenas pela "beleza do fraseado e pela arte das palavras" e não "pela prática das virtudes e pela busca da verdade".
Deve-se considerar, ademais, que há um motivo mais específico pelo qual nesta passagem do Didascalicon Hugo de São Vitor se referiu aos alunos que buscam no estudo a beleza do fraseado e a arte das palavras como sendo aqueles que se desviaram da verdadeira meta. É que em sua época, assim como em todo o mundo antigo, o principal desvio da educação se manifestou sob a forma da educação retórica, a qual deu origem, durante a Renascença, à educação que hoje se conhece como humanista, em que o aluno estudava para alcançar uma bagagem razoável de cultura geral através da qual adquiriria boas maneiras e a capacidade de escrever e falar corretamente e bem. A expressão de Hugo de São Vitor, ao dizer que estes alunos se aproximavam da escola já com a idéia preconcebida de que ali estavam para buscar "a beleza do fraseado e a arte das palavras" descreve perfeitamente a atitude fundamental que à época norteava a muitos em seus estudos. Hoje em dia não percebemos mais a força que estas poucas palavras de Hugo tinham porque o principal desvio da educação consiste em estudar com a finalidade de aprender alguma profissão ou técnica com a qual pode-se conseguir, ou não, um retorno financeiro. Este, na ótica da pedagogia vitorina, é um desvio ainda mais grave e ao qual só pode ter-se chegado por ter-se passado primeiro pelo anterior sem que se tivesse percebido suficientemente toda a gravidade do que estava ocorrendo.
Para Hugo de São Vitor o que o estudante deve procurar com o estudo é o libertar-se, através da busca da verdade, da estreita visão de mundo que lhe é imposta pela vida das paixões e de que vive tanto ele como a sociedade à qual ele imita. Estas coisas aprisionam a inteligência e não lhe permitem seguir a luz da graça e a própria evidência de uma verdade que deveria, à medida em que é buscada, tornar-se cada vez mais radiante.
e) Método.
"Aquele que diante de uma multidão de livros
 não guarda o modo e a ordem da leitura",
 continua Hugo de São Vitor,
 "como que andando em círculos
 no meio de uma densa floresta,
 perde-se do reto caminho.
 É de pessoas assim que a Sagrada Escritura diz
que estão sempre aprendendo,
mas nunca chegam ao conhecimento da verdade".
                 Didascalicon V, 5
f) Nunca abandonar as boas obras.
"Saiba o estudante que não chegará ao seu propósito
 se se dedicar de tal maneira apenas ao estudo
 que se veja obrigado a abandonar as boas obras".
Didascalicon V, 7

g) O estudo deve ser um deleite.
"Saiba também que não chegará ao seu propósito se, movido por um vão desejo de ciência, dedicar-se às escrituras obscuras e de profunda inteligência, nas quais a alma mais se preocupa do que se edifica. Para o filósofo cristão o estudo deve ser uma exortação, e não uma preocupação; deve alimentar os bons desejos, e não secá-los. Como gostaria de mostrar àqueles que se puseram ao estudo por amor da virtude, e não às letras, o quanto é importante para eles que o estudo não lhes seja ocasião de aflição, mas de deleite. Quem , de fato, estuda as escrituras como preocupação e, por assim dizer, as estuda para aflição do espírito, não é filósofo, mas negociante, e dificilmente uma intenção tão veemente e indiscreta poderá estar isenta de soberba. Deve-se considerar também que o estudo de duas maneiras costuma afligir o espírito, a saber, pela qualidade, se se tratar de um material muito obscuro, e pela sua quantidade, se houver demais para estudar. Em ambos estes casos deve-se utilizar de grande moderação, para que não aconteça que aquilo que é buscado como uma refeição venha a ser utilizado para sufocar-nos. Há aqueles que tudo querem estudar; tu não contendas com eles, seja-te suficiente a ti mesmo: que nada te importe se não tiveres lido todos os livros. O número de livros é infinito, não queiras seguir o infinito. Onde não existe o fim, não pode haver repouso; onde não há repouso, não há paz; e onde não há paz, Deus não pode habitar".
                  Didascalicon V, 7
h) O que estudar.
Eis uma questão impossível de se responder inteiramente em poucas páginas. Segundo Hugo de São Vítor, o estudo deve conduzir à aquisição da Ciência Sagrada, através da qual o aluno possa conduzir-se, por sua vez, no caminho da virtude e da contemplação. Surge então a questão de o que, segundo este modo de se entender o estudo, deve-se estudar ou deixar de estudar.
A primeira resposta que encontramos nos escritos de Hugo de São Vitor a este respeito é que se deve estudar tudo, sem desprezar nada. Uma afirmação como esta pode parecer, num primeiro exame, um despropósito, mas Hugo, neste ponto, foi bastante claro. Segundo ele nos explicou no início do Opúsculo sobre o Modo de Aprender, o aluno que despreza de antemão qualquer forma de conhecimento, o aluno que "tem como vil alguma ciência ou alguma escritura", mostra não possuir com isto a virtude da humildade, e a humildade é, segundo Hugo, "o princípio de todo o aprendizado". E no sexto livro do Didascalicon ele vai ainda mais longe; ali ele nos diz o seguinte:
"Eu ouso afirmar que nunca desprezei nada que pertencesse ao estudo; ao contrário, freqüentemente aprendi muitas coisas que outros as tomariam por frívolas ou mesmo ridículas. Algumas destas coisas foram pueris, é verdade; todavia, não foram inúteis. Não digo isto para jactar-me de minha ciência, mas para mostrar que o homem que prossegue melhor é o que prossegue com ordem, não o homem que, querendo dar um grande salto, se atira no precipício. Assim como as virtudes, assim também as ciências tem os seus degraus. É certo, tu poderias replicar:
`Mas há coisas que não me parecem ser de utilidade. Por que eu deveria manter-me ocupado com elas?'
Bem o disseste. Há muitas coisas que, consideradas em si mesmas, parecem não ter valor para que se as procurem, mas, se consideradas à luz das outras que as acompanham, e pesadas em todo o seu contexto, verifica-se que sem elas as outras não poderão ser compreendidas em um só todo, e, portanto, de forma alguma devem ser desprezadas. Aprende a todas, verás que nada te será supérfluo. Uma ciência resumida não é uma coisa agradável".
Se este texto do Didascalicon é claro ao afirmar que o estudo não deve excluir de seu interesse nenhuma forma de conhecimento, ele não é porém menos claro ao explicar as razões pelas quais se recomenda tal preceito. Hugo quer que o aluno nada exclua de seu interesse para com isto aprender a buscar metodicamente a integridade do conhecimento que é um todo ordenado cujas partes principais não podem ser compreendidas em um só conjunto sem o concurso das partes secundárias. Se o estudante, portanto, não deve desprezar nenhuma forma de conhecimento, isto não significa que deve aplicar-se a todas por igual ou preferir umas às outras sem critério. Indubitavelmente, segundo Hugo de São Vitor, a parte principal do estudo é o conhecimento das Sagradas Escrituras e da Ciência Sagrada que dela deriva.
O que, porém, e como deve ser estudado para se alcançar o conhecimento desta Ciência Sagrada é algo que não é possível de ser respondido nas poucas páginas deste texto. Há, entretanto, pelo menos um critério tão importante que não pode deixar de ser aqui mencionado. Pelas explicações e pelos exemplos dados por Hugo de São Vítor, depreende-se que, independentemente da questão do conteúdo do estudo, ele deve ser conduzido preferencialmente através dos textos cujos autores escreveram manifestamente sob a influência dos dons de entendimento e sabedoria, e que são, em geral, os escritos dos teólogos que também foram santos. A razão desta exigência consiste em que, conforme já havíamos apontado, o estudo deve ordenar-se, como ao seu fim último, à contemplação. Chama-se contemplação àquela operação da alma que surge no homem quando, sob a influência dos dons do Espírito Santo de entendimento e de sabedoria, a uma fé firme, constante e pura se acrescenta uma caridade intensa. Quando o homem consegue viver as virtudes teologais num grau tão alto a ponto de poder elevar-se à contemplação, esta se torna um dos principais meios de santificação para o homem. As obras dos teólogos em que se manifesta a influência do dom de entendimento ou do dom de entendimento elevado pelo dom de sabedoria são obras que derivam, portanto, do próprio exercício da vida contemplativa. "Elas são doces e repletas de amor pela vida eterna", diz Hugo de São Vitor no quinto livro do Didascalicon. O convívio do aluno com elas, ao contrário das demais obras, ainda que tratem dos mesmos assuntos, habitua-o gradativamente a perceber que elas têm uma origem diversa dos livros comuns e acaba por auxiliá-lo a conduzir-se na busca da contemplação. Ora, é justamente este o fim a que se ordena o estudo, e é por isto que as próprias Sagradas Escrituras já distingüiam entre estes e os demais livros:
"As palavras dos sábios",
diz o Eclesiastes,
"são como aguilhões,
 e como cravos fixados no alto,
 que por meio do conselho dos Mestres
 nos foram comunicadas
pelo único Pastor.
 Não busques, pois,
 meu filho,
 mais alguma coisa além destes.
 Não se põe termo em multiplicar livros,
 e a meditação freqüente é  aflição da carne".
Ecl. 12, 11-12

i) Estudar com o propósito de ensinar.
Eis algo que, tanto quanto sabemos, Hugo não ensinou por escrito, mas o fêz mais do que manifestamente pelo exemplo. Aqueles que estudam para um dia poderem ensinar, seguindo o preceito de Cristo, são os que encontrarão a inspiração do Espírito Santo. E foi a aqueles a quem Jesus acabava de pedir que ensinassem que Ele também prometeu que permaneceria com eles até o fim dos tempos (Mat 28,20).
j) Aspirar às coisas mais altas.
"O que eu mais desejo",
termina aqui Hugo de São Vitor,
"é mostrar como aqueles que de boa vontade
 se dedicam ao aprender são dignos de louvor.
 É necessário, porém,
 e tarefa de grande importância,
prevenir aos eruditos para que não ocorra
 que talvez voltem os seus olhos
 para aquilo que ficou para trás
e consolar aos principiantes
 se às vezes desejam já chegar onde aqueles estão.
Nosso propósito deverá ser, portanto,
 o de subir sempre.
 Roguemos, pois, à sabedoria,
 para que se digne resplandecer em nossos corações
 e iluminar-nos em seus caminhos
 para introduzir-nos
 naquele banquete puro e sem animalidade".
       Didascalicon V,8; V,9; VI,13
Referência: